Suzana Pires, feminista declarada, sobre levantar bandeiras: "Estude antes"
Atriz, autora, empresária e palestrante. São muitos os títulos carregados por Suzana Pires, que aos 42 anos é assumidamente "workaholic" (que trabalha demais). Criadora de um projeto chamado "Dona de Si" – que incentiva mulheres no mercado de trabalho audiovisual – ela reforça uma imagem que fez questão de ter diante de seus fãs e da mídia – o de uma mulher empoderada.
Outro título que se orgulha em carregar é o de feminista e, sobre o tema, garante que o estuda desde antes de seus 14 anos – e recomenda o mesmo para quem quer levantar qualquer bandeira: "estude".
Em entrevista exclusiva ao Blog do Leo Dias ela, que há tempos não é vista circulando com um namorado ou envolvida em alguma fofoca na mídia, aponta que aprendeu a viver um "relacionamento consigo mesma", mas justifica a discrição com a seguinte frase: "não suporto minha vida íntima exposta".
Ainda na conversa com o blog, a atriz – que está longe das telinhas interpretando desde "A Regra do Jogo" em 2015 e que foi a autora de "Sol Nascente" em 2017 – conta que quer envelhecer como "gente de verdade" e, depois de fazer dietas loucas, vê na beleza natural o seu segredo.
Leia a entrevista completa com Suzana Pires:
BLOG DO LEO DIAS – Como você se define profissionalmente no momento? Tem o lado empresária, palestrante, ligada em moda, autora e atriz. Algo nisso tudo te conquista mais?
SUZANA PIRES: Sou artista. Uma artista observa o mundo, o absorve e retorna tudo isso através de expressões artísticas. Me expresso como atriz, autora, palestrante, empresária e amante de moda. Meu olho brilha quando percebo que causei emoções que levam às pessoas a agir de maneira diferente. Sou apaixonada por tudo isso. Também levo a vida sendo "amiga" dos termos "difícil, raro e impossível". Se tem um dos três componentes, é lá que você vai me encontrar.
Você muitas vezes é definida pelo empoderamento. O que é, pra você, ser uma 'mulher empoderada'?
Acredito que esse "empoderamento" atribuído a mim seja coerente como as minhas ações, atitudes públicas e também privadas. Venho passando essa visão, talvez, pois não acredito que nenhum sonho seja impossível de ser realizado. Vale lembrar que para alguém ser considerada "poderosa" ou "empoderada" deve-se entender que seu lado frágil é do mesmo tamanho do seu lado forte. O equilíbrio das forças é que faz a diferença e a verdade. E não há peso, porque é natural e leve.
E, se a mídia te define como empoderada, como você se define?
Me defino como uma workaholic que está aprendendo a descansar. Acho que minhas características principais são: a persistência, a escuta e a assertividade. O lado positivo disso é que não abandono sonhos, gosto de ouvir a opinião de pessoas com mais experiência e sou bem clara e reta quando me coloco. O lado negativo é que a persistência pode virar teimosia, a escuta pode virar surdez seletiva e a clareza pode soar rude. Mas a minha característica de rir de mim mesma dão uma neutralizada nesses positivos e negativos e acaba saindo uma média regular.
Feminismo é outro assunto presente em você e na mídia. Você acredita que existem famosos que se apropriam do discurso feminista apenas para chamar a atenção, sem realmente se preocupar com isso?
Não tenho prestado atenção nisso, sinceramente. E se tivesse identificado isso acho que tentaria alertar a pessoa e chamá-la para a união. Sonoridade é isso: aliança entre mulheres sem julgamento, sem precisar ser amiguinha ou do mesmo grupinho. Presto atenção em ações feministas e não só em posts feministas. Mas, se tiver alguém se "apropriando" de discursos para chamar a atenção, eu só lamento. Vou te contar o que meus pais fizeram comigo quando perceberam que eu já havia nascido com o DNA feminista. Eu tinha 14 anos e eles me deram de presente os volumes I e II do livro O SEGUNDO SEXO da Simone de Beauvoir e me disseram que para tudo que eu escolhesse fazer ou defender na vida, seria fundamental um embasamento. Então, reproduzo o conselho dos meus pais para quem quer levantar qualquer bandeira social: estude. Reconheça quando não souber e não julgue outra mulher. Jamais!
Você criou um instituto chamado "Dona de Si", um espaço criado para fomentar a criatividade feminina na área audiovisual. Como surgiu a ideia? O que é pra você ser "dona de si"?
Meu ativismo saiu do meu coração e reverberou em outras mulheres. Criei palestra sobre o assunto, marcas me procuraram para licenciar Dona De Si em produtos porque o nome já vinha com um conceito muito firme e que estava comunicando. Até que chegou um momento que tive acesso às pesquisas brasileiras sobre a presença de criadoras no nosso audiovisual e também dos nossos números na economia criativa e tive um baque. Então veio a ideia de criar o Instituto, que é um acelerador e fomentador de talentos femininos. Uma mulher DONA DE SI é comprometida com seus objetivos, alinhada com seus propósitos, responsável pelas suas escolhas e pela construção da sua própria vida. É uma mulher que não tem medo de ganhar dinheiro fazendo o que ama, conhece suas forças e fraquezas e usa esta soma para se tornar um ser humano melhor.
Há muito tempo não ouvimos falar de um relacionamento seu. Você está solteira? Como é ocupado esse espaço de "amor e afeto" na sua vida?
O amor e o afeto na minha vida podem ser ocupados com um relacionamento, como já vivi longos períodos; mas também significa ter um relacionamento comigo mesma, que foi o que optei por viver nos últimos quatro anos. Priorizei me conhecer melhor, não abrir mão de mim mesma, nem de nenhuma escolha que eu quisesse fazer. Foi um exercício que me tornou uma mulher mais madura e também mais leve. Mas, também tem o componente "não suporto minha vida íntima exposta" e procuro ser o mais discreta possível com as minhas histórias. (risos)
No seu lado "ligada em moda" você criou recentemente uma marca de body para todos os tamanhos, com foco também na mulher GG. Você é feliz com seu corpo? Já se cobrou por essa estética da beleza?
Hoje em dia eu sou completamente feliz com meu corpo. Já fiz dietas loucas, mas jamais farei isso novamente. Meu alinhamento está com a beleza sem padrões e sim com o padrão de cada uma.
Se discute muito o 'envelhecer naturalmente'. Você, aos 42 anos, se preocupa com isso?
Me preocupo em parecer a idade que tenho. Gosto de cuidar da minha pele para que ela esteja sempre boa, iluminada e bem tratada, mas não tiro linhas de expressão. Para o meu trabalho de atriz, é fundamental que eu tenha um rosto de "gente de verdade". Já me conheço um pouquinho e sei que não vou trocar minha autenticidade pela aprovação de um padrão.
*Com reportagem de Lucas Pasin
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